Olá Poupadores, neste artigo vamos falar da empresa Oi, que teve uma queda de mais de 50% nos últimos dias. Os holofotes se voltaram para ela em busca de entender o que aconteceu. Essa queda aconteceu depois que a empresa informou um prejuízo de por volta de 1,5 bi apenas no segundo trimestre. O resultado veio muito abaixo do que o mercado estimava, que era por volta de meio bilhão.
Para entender porque isso aconteceu, precisamos voltar um pouco no tempo. Depois de alguns anos de prejuízo e uma alta dívida, a Oi entrou com pedido de recuperação judicial em meados de 2016.
Normalmente uma empresa entra em recuperação judicial quando não consegue continuar viável por conta própria. Dessa forma, o pedido é feito para reunir os stakeholders com o intuito de renegociar termos e apresentar um plano estratégico que possa fazer a empresa voltar a ser rentável.
Pois bem, depois de muita negociação com os diversos acionistas e credores, a Oi teve seu plano aprovado ao final de 2017.
Boa parte dos credores trocaram suas dívidas por ações da empresa e, com isso, a dívida da Oi foi reduzida em torno de 30bi, dando um fôlego à empresa.
Mas isso, por si só, era uma parte do problema, a outra parte é em relação à qualidade operacional da Oi. Por muitos anos a empresa deixou de realizar investimentos essenciais na banda larga e na operação móvel. Com isso, ela ficou bem atrás dos concorrentes.
Então, para a empresa ser novamente viável, ficou acordado que ela precisaria de dinheiro para realizar investimentos vultuosos e tentar recuperar o tempo perdido.
Esses dois pontos são os pilares do plano estratégico. De lá para cá, a empresa capitou mais de 4bi dos acionistas para poder realizar os investimentos.
E é o que empresa tem feito, investindo bastante em fibra ótica e redes móveis. A Oi ganhou participação no mercado de TV paga, iniciou os esforços em fibra ótica, inclusive teve mais adesões no segundo trimestre de 2019 do que a Vivo, líder no setor.
É inegável que a Oi melhorou sua operação nos últimos dois anos, mas mesmo assim ela está muito atrás da líder do setor: a Vivo. E toda essa melhora de qualidade ainda não surtiu efeito no lado financeiro da empresa, que continua a diminuir sua receita trimestre a trimestre.
Com tudo contextualizado, o que pegou de verdade foi que a empresa precisa continuar os fortes investimentos por pelo menos mais um ano e meio. Só que a preocupação toda é porque a empresa não tem dinheiro disponível suficiente para isso.
A nova estimativa é que o dinheiro só seja suficiente para algo em torno do primeiro trimestre de 2020. Com isso em mente, subiu o sinal de alerta para o mercado.
E o mercado, como sempre, é pessimista ou otimista demais. Nesse caso foi pessimista e a cotação da empresa chegou a cair mais de 50%. É tanto que, poucos dias depois, as ações voltaram para preços mais realistas e a queda atualmente está por volta de 20-25% antes do resultado do segundo trimestre.
A Oi então não tem salvação? Calma lá, a empresa tem algumas alternativas para angariar mais fundos. Uma delas é levantar mais dinheiro com os acionistas. Uma outra é pegar dinheiro emprestado com terceiros, emitindo títulos de dívida. Por causa dos riscos, a taxa cobrada seria alta.
Ela também pode vender ativos que não estão agregando valor à empresa, como é o caso dos 25% de participação na empresa Angola de Telecomunicações. As estimativas apontam que ela, poderia levantar 6 bi vendendo sua parte nessa empresa. Porém o número pode ser menor, afinal, o poder de barganha está do lado do comprador que sabe que a Oi está desesperada por dinheiro.
E fora essas alternativas citadas, temos mais uma: a aprovação, pelo governo, do PLC 79, o novo marco legal das telecomunicações.
Esse projeto muda o sistema de concessão da telefonia fixa para o sistema de autorização, beneficiando, principalmente, as empresas que possuem maior mercado em telefonia fixa, que seriam Oi e Vivo.
Com essa lei aprovada, a Oi poderia deixar de investir em telefonia fixa, que quase não tem mais utilidade, e poderia direcionar os investimentos para banda larga e rede móvel. Segundo estimativas, a Oi o gasto com esses investimentos fica entre 1 a 1,5 bi por ano.
E isso é muito válido porque, quando a concessão da telefonia fixa foi feita, ninguém podia saber que o setor passaria por toda a transformação que passou. Hoje a Oi é obrigada a investir em algo que cada vez mais está em desuso e, com isso, o consumir acaba sofrendo na ponta, afinal poderia ter serviços de mais qualidade caso o dinheiro fosse redirecionado ao que agrega mais valor.
Além disso, essa lei trará mais segurança jurídica para o setor e, com isso, o interesse de um comprador pela Oi aumentaria.
Depois da notícia, o senado se mexeu e tudo indica que a lei será aprovada. Vamos aguardar.
A falência da Oi traria uma série de prejuízos ao país, pois existem diversos municípios em que ela é a única prestadora de serviço. Além disso, haveria menos competição no setor.
É isso Poupadores e Poupadoras, espero que com todas essas informações vocês possam tomar uma decisão melhor sobre investir ou não investir na Oi. Ficou com dúvida? Comente abaixo!