A incerteza do destino da Oi no mercado acionário: investir ou não?

1296

Olá Poupadores, neste artigo vamos falar da empresa Oi, que teve uma queda de mais de 50% nos últimos dias. Os holofotes se voltaram para ela em busca de entender o que aconteceu. Essa queda aconteceu depois que a empresa informou um prejuízo de por volta de 1,5 bi apenas no segundo trimestre. O resultado veio muito abaixo do que o mercado estimava, que era por volta de meio bilhão.

Para entender porque isso aconteceu, precisamos voltar um pouco no tempo. Depois de alguns anos de prejuízo e uma alta dívida, a Oi entrou com pedido de recuperação judicial em meados de 2016.

Normalmente uma empresa entra em recuperação judicial quando não consegue continuar viável por conta própria. Dessa forma, o pedido é feito para reunir os stakeholders com o intuito de renegociar termos e apresentar um plano estratégico que possa fazer a empresa voltar a ser rentável.

Pois bem, depois de muita negociação com os diversos acionistas e credores, a Oi teve seu plano aprovado ao final de 2017.

Boa parte dos credores trocaram suas dívidas por ações da empresa e, com isso, a dívida da Oi foi reduzida em torno de 30bi, dando um fôlego à empresa.

Mas isso, por si só, era uma parte do problema, a outra parte é em relação à qualidade operacional da Oi. Por muitos anos a empresa deixou de realizar investimentos essenciais na banda larga e na operação móvel. Com isso, ela ficou bem atrás dos concorrentes.

Então, para a empresa ser novamente viável, ficou acordado que ela precisaria de dinheiro para realizar investimentos vultuosos e tentar recuperar o tempo perdido.

Esses dois pontos são os pilares do plano estratégico. De lá para cá, a empresa capitou mais de 4bi dos acionistas para poder realizar os investimentos.

E é o que empresa tem feito, investindo bastante em fibra ótica e redes móveis. A Oi ganhou participação no mercado de TV paga, iniciou os esforços em fibra ótica, inclusive teve mais adesões no segundo trimestre de 2019 do que a Vivo, líder no setor.

É inegável que a Oi melhorou sua operação nos últimos dois anos, mas mesmo assim ela está muito atrás da líder do setor: a Vivo. E toda essa melhora de qualidade ainda não surtiu efeito no lado financeiro da empresa, que continua a diminuir sua receita trimestre a trimestre.

Com tudo contextualizado, o que pegou de verdade foi que a empresa precisa continuar os fortes investimentos por pelo menos mais um ano e meio. Só que a preocupação toda é porque a empresa não tem dinheiro disponível suficiente para isso.

A nova estimativa é que o dinheiro só seja suficiente para algo em torno do primeiro trimestre de 2020. Com isso em mente, subiu o sinal de alerta para o mercado.

E o mercado, como sempre, é pessimista ou otimista demais. Nesse caso foi pessimista e a cotação da empresa chegou a cair mais de 50%. É tanto que, poucos dias depois, as ações voltaram para preços mais realistas e a queda atualmente está por volta de 20-25% antes do resultado do segundo trimestre.

A Oi então não tem salvação? Calma lá, a empresa tem algumas alternativas para angariar mais fundos. Uma delas é levantar mais dinheiro com os acionistas. Uma outra é pegar dinheiro emprestado com terceiros, emitindo títulos de dívida. Por causa dos riscos, a taxa cobrada seria alta.

Ela também pode vender ativos que não estão agregando valor à empresa, como é o caso dos 25% de participação na empresa Angola de Telecomunicações. As estimativas apontam que ela, poderia levantar 6 bi vendendo sua parte nessa empresa. Porém o número pode ser menor, afinal, o poder de barganha está do lado do comprador que sabe que a Oi está desesperada por dinheiro.

E fora essas alternativas citadas, temos mais uma: a aprovação, pelo governo, do PLC 79, o novo marco legal das telecomunicações.

Esse projeto muda o sistema de concessão da telefonia fixa para o sistema de autorização, beneficiando, principalmente, as empresas que possuem maior mercado em telefonia fixa, que seriam Oi e Vivo.

Com essa lei aprovada, a Oi poderia deixar de investir em telefonia fixa, que quase não tem mais utilidade, e poderia direcionar os investimentos para banda larga e rede móvel. Segundo estimativas, a Oi o gasto com esses investimentos fica entre 1 a 1,5 bi por ano.

E isso é muito válido porque, quando a concessão da telefonia fixa foi feita, ninguém podia saber que o setor passaria por toda a transformação que passou. Hoje a Oi é obrigada a investir em algo que cada vez mais está em desuso e, com isso, o consumir acaba sofrendo na ponta, afinal poderia ter serviços de mais qualidade caso o dinheiro fosse redirecionado ao que agrega mais valor.

Além disso, essa lei trará mais segurança jurídica para o setor e, com isso, o interesse de um comprador pela Oi aumentaria.

Depois da notícia, o senado se mexeu e tudo indica que a lei será aprovada. Vamos aguardar.

A falência da Oi traria uma série de prejuízos ao país, pois existem diversos municípios em que ela é a única prestadora de serviço. Além disso, haveria menos competição no setor.

É isso Poupadores e Poupadoras, espero que com todas essas informações vocês possam tomar uma decisão melhor sobre investir ou não investir na Oi. Ficou com dúvida? Comente abaixo!

Artigo anteriorConfira minha estratégia de alocação para melhores resultados
Próximo artigoA independência financeira a alguns passos