Banco do Brasil em 2025: Desafios, Resultados e Perspectivas para Investidores

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Olá Poupadores, o desempenho das ações do Banco do Brasil (BBAS3) em 2025 foi marcado por desafios que impactaram seus resultados financeiros e a percepção do mercado. Três fatores principais explicam esse cenário:

  1. Mudança Contábil (Resolução CMN nº 4.966): A adoção do modelo de perda esperada (IFRS 9) exigiu provisões maiores para riscos de crédito, mesmo em operações adimplentes. Isso reduziu o lucro líquido, com o 2T25 registrando R$ 3,8 bilhões (queda de 60% ante 2T24) e o 1S25 somando R$ 11,2 bilhões (-40,7% vs. 1S24). O Retorno sobre Patrimônio (ROE) caiu para 8,4% no 2T25, ante 21,6% no 2T24, refletindo menor rentabilidade.
  2. Deterioração da Carteira de Agronegócio: O setor agropecuário, onde o Banco do Brasil detém 49,4% do mercado de crédito rural, enfrentou alta nos custos de insumos, queda nos preços de commodities e adversidades climáticas. Isso elevou a inadimplência para 3,49% no segmento, exigindo provisões de R$ 7 bilhões no 2T25. Comparativamente, bancos privados como Itaú e Bradesco sofreram menos impacto devido à menor exposição ao agro.
  3. Pressão de Mercado: Revisões negativas do guidance (de R$ 37-41 bilhões para R$ 21-25 bilhões), cortes nos preços-alvo e aumento de posições vendidas intensificaram a percepção de risco, levando a uma reprecificação acentuada das ações, agravada por vendas por pânico e liquidações forçadas.

Resultados Financeiros

  • Carteira de Crédito: Cresceu 11,2% em 12 meses, atingindo R$ 1,215 trilhão. Pessoa Física (+8%) foi impulsionada por crédito consignado (R$ 145,2 bilhões, +8,6%), enquanto Pessoa Jurídica (+14,7%) e Agronegócio (+8%) também expandiram, mas com maior risco no último.
  • Inadimplência: Subiu para 4,21% (+35 bps vs. 1T25), com destaque para o agro (3,49%) e micro/pequenas empresas.
  • Custo do Crédito: Totalizou R$ 26,1 bilhões no 1S25, com R$ 15,9 bilhões no 2T25, pressionado pelo agro.
  • Margem Financeira Bruta: Alcançou R$ 25,061 bilhões no 2T25, com leve recuperação frente ao 1T25, mas abaixo do 2T24. Receitas de crédito cresceram 26,5% no semestre, mas foram impactadas por reclassificações contábeis.
  • Despesas Administrativas: Somaram R$ 9,7 bilhões no 2T25 (+5,8% no semestre), refletindo investimentos em tecnologia e reajustes salariais.

Estratégia e Perspectivas

O Banco do Brasil adotou medidas para mitigar riscos, como critérios mais rígidos no crédito rural (exigência de garantias e hedges) e foco em consignado privado, de menor risco. O payout foi reduzido de 40-45% para 30%, priorizando a retenção de capital. Apesar dos desafios, o banco mantém um Índice de Basileia sólido (14,14%) e aposta na estabilização do agro e MPME no 2S25 para recuperar resultados.

Conclusão

O Banco do Brasil enfrenta um 2025 de ajustes, com impactos contábeis, setoriais e de mercado comprimindo resultados. Apesar disso, sua estratégia de seletividade no crédito e solidez de capital sugere resiliência. O 2S25 será crucial para estabilizar a carteira e reconquistar a confiança do mercado, mas os desafios de curto prazo mantêm a cautela entre investidores.

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