Resultados do 4T22 da Oi. Vale a pena investir na empresa?

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Olá Poupadores, não é novidade para ninguém que a Oi entrou em uma segunda recuperação judicial logo após sair da primeira. O resultado do 4T22 foi finalmente divulgado a poucos dias.

Nesse artigo vamos atualizar nosso último estudo e verificar o que mudou. Se você ainda não conhece a estratégia da Oi, clique aqui.

Antes de começar é importante dizer que mesmo com a venda de diversas operações a empresa continua com dificuldades financeiras e incertezas de sustentabilidade do negócio, e por isso a empresa pediu uma nova recuperação judicial a fim de tentar equalizar os interesses de todos os stakeholders e buscar a sustentabilidade da empresa.

Se por ventura você decidir investir na empresa, considere ter uma posição muito pequena na carteira, pois estamos tratando de um ativo de alto risco, com grandes possibilidades de ganhos e de perdas. Com as devidas considerações feitas, vamos ao estudo.

Aqui vamos tentar encontrar o preço da empresa comparado com seus pares: Desktop (DESK3), Brisanet (BRIT3), Unifique (FIQE3) e Vivo (VIVT3). Vamos abstrair alguns detalhes das operações já comentados nesse artigo.

Sobre a Oi (OIBR3), sabemos que ela está com valor de mercado de R$ 680 milhões com uma dívida líquida de R$ 19,7 bi. Conta com 3.910 mil casas conectas com Fibra somados a milhares no cobre (o número exato parou de ser divulgado no release).

As demais empresas possuem 100% da operação de vendas e infraestrutura, como a nova Oi terá apenas 34,1% da infra, vamos considerar 67,05% (50% Oi + 17,05% da fibra) como resultado comparável aos 100% das outras empresas.

Para comparação com as demais empresas vamos fazer um exercício de regra de três, descobrindo quanto a Oi deveria valer comparado com os demais players do setor.

Vamos começar pela empresa de menor porte, a Desktop (DESK3). Terminou o trimestre com 809 mil clientes, 3,9 milhões de casas aptas a receber a fibra, com dívida líquida R$ 629 milhões e valor de mercado de R$ 1,2 bi.

Se a Desktop (DESK3) vale R$ 1,2 bi e tem 809 mil clientes, quanto deveria valer a Oi? Se a Oi tem 4,83 vezes mais clientes então R$ 1,2 bi multiplicado por 4,83 vezes dará R$ 5,79 bilhões, multiplicado por 67,05% (a Oi tem apenas 34,1% da operação de infraestrutura da fibra, lembra?), chegamos ao valor de R$ 3,88 bi. Para a Oi chegar nesse valor quanto é que deveria valer cada ação? R$ 5,89.

Vamos seguir o racional comparando com a Brisanet (BRIT3). A empresa terminou o trimestre com 1,1 milhão de clientes conectados, 6.117 mil casas aptas a receber a fibra, dívida líquida de R$ 743,8 mi e valor de mercado em R$ 1,16 bi.

Se a Brisanet vale R$ 1,16 bi e tem 1,1 milhão de clientes, quanto deveria valer a Oi? Se a Oi tem 3,55 vezes mais clientes, então R$ 1,16 bi multiplicado por 3,55 dará R$ 4,12 bi, multiplicado por 67,05%, chegamos ao valor de R$ 2,76 bi ou R$ 4,18 por ação.

E comparado a Unifique (FIQE3), quanto deveria valer a Oi? Bom, a empresa terminou o trimestre com 605 mil clientes, 2,696 milhões de casas aptas a receber fibra, dívida líquida de R$ -161 mi e valor de mercado de R$ 1,44 bi.

Se a Unifique (FIQE3) vale R$ 1,44 bi e tem 605 mil clientes, quanto deveria valer a Oi? Se a Oi tem 6,46 vezes mais clientes, então R$ 1,44 bi multiplicado por 6,46 vezes dará R$ 9,30 bi, multiplicado por 67,05%, chegamos ao valor de R$ 6,23 bi ou R$ 9,45 por ação.

Agora vamos comparar com um player maior do que a própria Oi, a Vivo (VIVT3). Vamos avaliar a parte correspondente a banda larga em R$ 34 bi com R$ 4,5 bi de dívida. Vamos considerar 84% comparável ao resultado da Oi, devido a venda de parte da infraestrutura de São Paulo à Fibrasil.

Se a Vivo (VIVT3) vale R$ 34 bi e tem 5,5 milhões de clientes, quanto deveria vale a Oi? Se a Oi tem 71,09% dos clientes da vivo, então R$ 34 bi multiplicado por 71,09% dará R$ 24,17 bi, multiplicado por 84%, chegamos ao valor de R$ 20,30 bi ou R$ 30,75 por ação.

Com todas as contas feitas, o que parece plausível, analisando o momento presente, sem olhar para qualquer resultado futuro, é que o preço da ação da Oi deveria valer entre R$ 4,18 e R$ 30,75. A Oi está negociada, no momento que escrevo o artigo, a 1,03 por ação.

A Oi tem prós e contras comparativamente, nos prós temos:

  • que a Oi é um player nacional;
  • 34,1% do negócio de Fibra neutra, um modelo de negócio promissor e que deve gerar cada vez mais valor.

Por outro lado, no aspecto negativo:

  • Previsão de 80% de diluição dos atuais acionais com a segunda recuperação judicial;
  • incertezas quanto a migração do regime de concessão para autorização com relação a telefonia fixa;
  • dívida liquida muito superior aos demais, penalizando a empresa principalmente agora nessa fase de juros altos.

Pesando tudo, acho que a Oi (OIBR3) deveria valer, nas condições atuais de mercado, R$ 6,28 por ação, metade da média de R$ 12,57 da comparação, principalmente pelo alto endividamento. São R$ 2,72 a menos do que no estudo passado (R$ 9 considerando o agrupamento de ações).

É importante reafirmar que a Oi é uma empresa de alto risco, com um futuro bastante incerto, e se optar por investir nesse ativo (a decisão é sempre sua, ok?) deve-se pensar em carrega-lo por pelo menos 3 anos. Se a empresa superar os desafios acredito em um valor justo próximo do calculado, por outro lado se a empresa não conseguir ser sustentável é possível a empresa ser liquidada.

Terminamos a comparação com o seguinte quadro resumo:

É isso, espero que esse estudo te ajude a ter mais informações sobre o valor da empresa e fique à vontade para fazer seus próprios ajustes se discordar de qualquer ponto apresentado.

Tem alguma consideração que deixamos de fora? Ficou surpreso com a precificação? Pretende comprar ou vai ficar de fora? Comenta aqui em baixo.

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